[Resenha #221] O Analista de Bagé de Luis Fernando Veríssimo na Editora L&PM

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AbageEu sei, hoje, autor e personagem fazem parte de catálogo da editora Objetiva. Mas a maioria dos livros de Luis Fernando Veríssimo (também conhecido como o filho do Érico) foi publicada pela primeira vez na editora L&PM.

Como muitos textos de Luís Fernando Veríssimo, O Analista de Bagé fez sua estreia em periódicos (revistas e jornais impressos em papel para quem não lembrar). Devido ao sucesso, virou livro pela L&PM, mas este primeiro volume não trazia só as histórias do analista, trazia outras crônicas de temáticas variadas e cotidianas do autor. Um pouco mais tarde, o Analista também viraria peça de teatro de grande sucesso, mas isso é outra história. Aqui, foco nos livros.

Na mesma pegada, seguiram-se os livros Outras do Analista de Bagé e A Velhinha de Taubaté, este que trouxe as últimas histórias do analista. Somente na década de 1990, a L&PM preparou o livro Todas as Histórias do Analista de Bagé, reunindo somente as histórias do Analista, para a coleção L&PM Pocket.oAb

A editora Objetiva optou por manter o Analista de Bagé isolado dos outros contos e crônicas que o acompanhavam inicialmente nos três volumes originais, uma pena. Mas voltemos ao início, vou comentar os três volumes originais da L&PM.

O Analista de Bagé é uma sátira bem embasada e estudada da psicanálise. Ele se diz Freudiano mais ortodoxo que rótulo de Maizena, mas possui técnicas polêmicas como o joelhaço, trocou o divã pelo pelego e o vivente é obrigado a deitar por estar incluído no preço.

VtaubApesar da fama, o Analista dividiu espaço com outras histórias do Luís Fernando Veríssimo; protagonizando dois livros – O Analista de Bagé e Outras do Analista de Bagé – e sendo um convidado ilustre em A Velhinha de Taubaté. Depois d´A Velhinha de Taubaté, o Analista não teve mais novas histórias (em prosa) contadas pelo Veríssimo, mas já mencionei que virou uma peça de teatro de grande sucesso na época.

Os demais contos de Veríssimo tratam de cotidiano, costumes, fatos engraçados da vida e da política da época. Sim, há política nessa mistura, e até nas histórias e declarações do analista. Sobretudo em A Velhinha de Taubaté, Luis Fernando Veríssimo se mostra um afiado crítico do poder e da ditadura militar.

O próprio Analista de Bagé critica a psicanálise. Afinal, nem todos os problemas são internos e pessoais. Muita coisa deve ser resolvida aqui fora, no social. Quando a psicanálise diz que tudo é interno, ela culpabiliza a todos e se torna cúmplice, afinal, gengiva não morde, mas segura os dentes.tAb

Boas Leituras,
Rodrigo Rosas Campos

P.S.: Gostei desse negócio de comparar edições diferentes de uma mesma obra. Deixe nos comentários o que você acha! Quase esqueço, também virou quadrinhos!

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